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TRANS FORMA AÇÃO

VILA MADALENA, SÃO PAULO 2014

A apatia das pessoas nas cidades cosmopolitanas começa a chamar minha atenção. O rosto sem expressão diante de qualquer acontecimento me espanta… Passo a prestar atenção em como as pessoas se relacionam com a cidade, com o seu entorno, com outras pessoas e com a natureza inserida. Vidas expulsas pela gentrificação. Bairros se modificam, a cidade rumo ao desenvolvimento.

 

Com o intuito de chamar atenção para o caminhar com delicadeza, para usufruir da cidade com respiro, respeitando a natureza; para uma vida saudável, sem “alimentar” o capitalismo selvagem –  que se manifesta pela gentrificação das construtoras, da especulação imobiliária, de uma política corrupta. Obter o direito de usufruir da cidade ao poder caminhar em calçadas dignas e seguras. O pertencimento nas relações pessoa-cidade-cidade-pessoa, no bairro, na vila, na rua. O olhar, o caminhar para uma sociedade mais integrada, feliz e em equilíbrio. 

 

O caminhar como forma de ver paisagens, como modo não somente de ver, mas sobretudo de criar paisagens. Francesco Careri, no livro Walkscapes, defende "o caminhar como forma de intervenção urbana", como uma forma de arte, como uma prática estética. "O traçado nômade, ainda que siga pistas ou itinerários rituais, não tem a função do percurso sedentário que consiste em distribuir aos seres humanos um espaço fechado, atribuindo a cada pessoa a própria parte e, a partir daí, regulando a comunicação entre partes. O traçado nômade faz exatamente o contrário, distribui os seres humanos (ou os animais) num espaço aberto, indefinido, não comunicante". 

O caminhar pela cidade e a multidão são marcos na história da modernidade, como lembram Baudelaire e Walter Benjamin. Penso na relação das cidades e dos seres humanes. Penso nas relações humanas nas grandes cidades.

A Vila Madalena foi o bairro escolhido com o intuito de pensar a preservação do espaço, do céu, das ruas e da forma pela qual ela própria se traduz: a vila.

O happening esteve aberto a quem quisesse participar, através das junções das artes e das pessoas que andam pelo bairro. Visou a comunicação entre indivíduos, a gentileza, proporcionando segurança – já que os espaços públicos se viram ocupados. Trouxe a delicadeza para o meio da rua, para o meio da cidade, como respiro e contemplação para a/o transeunte. Algo como uma surpresa, uma cidade lúdica como respiro.

 

Desta forma, a construção de narrativas é o modo mais direto de realizar experimentos na cidade novos comportamentos e de vivenciar a realidade urbana os momentos do que pode ser a vida numa sociedade mais livre. Assim, foi pensado o Happening Trans Forma Ação,  marcado para o dia 01/11, as 11h na Praça Rafael Sapienza, com 1h reconhecimento do local, com inicio das performances sonoras e corporais às 12:00 tendo 1h de duração.

Foi composto por oito artistas: Ricardo Castro, artista visual, Abravana performance "Assopra"; Heloisa Nilo, artista plástica; Daniela Augusto, artista do corpo; Raphael, músico, performa o instrumento de sopro didgeridoo; Maurício Badé, músico, percussionista; Pedro Levorin, fotógrafo; Gabriela Costa ,videomaker; Pollyanna Guimarães, produtora e

Mamé Shimabukuro , pensamento e concepção. 

 

Referências:

Gilles Deleuze e Félix Guattari, Mil Platôs. Capitalismo e esquizofrenia. 

Jan Gehl, Cidades para Pessoas

Francesco Careri,  Walkscapes.

People’s apathy in cosmopolitan cities begins to draw my attention. The expressionless face before any given event startles me... I begin to pay attention to how people relate to the city, to their surroundings, to other people and to the available nature in them. Gentrification repels any kind of life. Lives expelled by gentrification. Neighborhoods being modified, the city marching towards development.
 

Aiming to draw attention to delicate acts of walking, using the city with tranquility, with respect to nature, to a healthy life which does not feed into savage capitalism, manifested through the gentrification caused by construction companies and real-estate speculation, by corrupt politics. Demanding the right for the use of the city as walking on safe and dignified sidewalks. Belonging in the man-city-city-man relations, in neighborhoods, on the street. The gaze, like walking through a more integrated society, balanced and happy.

 

Walking as a way of seeing landscapes and, further, as a way of not only seeing but creating landscapes. Francesco Careri, in his book Walkscapes defends “walking as a form of human intervention”, walking as an artform or aesthetic practice. “Nomadic tracings, even if the follow ritual paths and itineraries, do not have the function of the sedentary course which consists of distributing men in a closed space, attributing to each his own part and, from there, regulating the communications between each part. The nomadic trace does precisely the opposite, it distributes men (or animals) in an open, indefinite, non-communicating space.”

 

Walking through the city and the crowd are marks in the history of modernity, as Baudelaire and Walter Benjamin knew. I think of the relations between cities and human beings. I think of human relations in big cities.

 

The Vila Madalena neighborhood was chosen with the objective of preserving its space, sky, streets and the form through which it translates itself: a vila.

 

The happening was open to whoever was willing to participate, through the connections between the artworks and the people walking around the neighborhood. It aimed at communication between individuals, at kindness, allowing for security, given that public spaces had been occupied. It brought delicateness to the middle of the street, the city, as a breath of fresh air and contemplation for passersby. Something like a surprise, a playful city as a breath of air.

 

Thus, constructing narratives is the most direct way of producing new behaviors in the city and experiencing urban reality in moments of what life might be in a more free society. From this was born the Trans Forma Ação happening at Praça Rafael Sapienza on November 1st, with 1 hour for local reconnaissance, and 1 hour of sound and body performances beginning at noon.

It consisted of eight artists: Ricardo Castro (visual artist), Abravana (“Assopra” performance) Heloisa Nilo (visual artist), Daniela Augusto (body artist), Raphael, a musician, plays the didgeridoo; Mauricio Badé (musician, percussionist), Pedro Levorin (photographer), Gabriela Costa (videomaker), Mamé Shimabukuro (thought and conception) and Pollyana Guimarães (producer). 

 

References:

Gilles Deleuze and Felix Guattari, A Thousand Plateaus: Capitalism and Schizophrenia

Jan Gehl. Cities for People

Francesco Careri,  Walkscapes.

Concepção

Mamé Shimabukuro

 

Artistas

Daniela  Augusto

Heloisa Nilo

Mauricio Badê

Raphael

Ricardo Castro

Pepê

 

Fotografia

Pedro Levorin

 

Filme

Gabriela Costa

Produção

Pollyanna Guimarães e todes colaboradores que
vivenciaram o andar nômade.

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