top of page

Quando se toca na potência a olho nu - por Joana Lira

 

Como aprendemos sobre nós mesmos através do olhar do outro!

 

O que é nuance vira protagonismo. O que se quer esconder é o que mais deve ser mostrado. O que é técnico vira poético. E por aí vai...E por aí foi com a parceria que tive durante quase oito anos com Mamé Shimabukuro para fazer acontecer a exposição Quando a vida é uma euforia por Joana Lira, sobre meu trabalho de uma década criando a cenografia e identidade visual do carnaval de rua de Recife.

 

Quando convidei Mamé pra ser curadora da minha exposição, não imaginava o rebuliço que ela iria causar, dentro e fora de mim. Assim como não tinha a menor ideia de que passaríamos juntas por um processo criativo tão longo e tão visceral. Neste projeto / processo Mamé não foi só curadora. Ela foi antes de tudo parceira, mas também pesquisadora, produtora, investidora, mãe e irmã. Tudo junto e misturado, que é pra confundir bem muito a gente, e pra fazer nascer algo esplêndido. E assim foi: esplêndido!

 

Minha ideia inicial era fazer uma mostra simples, celebrativa, que consistia em mostrar de maneira bem sucinta, quase técnica, o que havia sido este trabalho com o carnaval.

 

Qual o quê! Mamé já chegou de rasante me apresentando um recorte sentimental, de mergulho profundo no meu ser e fazer. Fiquei encantada, de olhos arregalados. Não tive nem um segundo de dúvida de que era a melhor opção a escolher. E foi dessa forma também que ela sugeriu o título da exposição, que super traduziu o carnaval, o trabalho que desenvolvi, a exposição e curiosamente o que sou.

 

Além de propor este recorte para a exposição, Mamé me convidou pra fazer a curadoria junto com ela. É preciso dizer que quando a curadoria propõe algo assim e não vê sentido na coisa acontecer de outra forma, ela é forte. Porque é um caminho a ser penetrado não apenas na obra do artista, mas na sua alma (de luz e escuridão).

 

E juntas fomos aprendendo e amadurecendo os caminhos. Atentas sempre. E chegamos na ideia de que esta exposição deveria ser mais que tudo uma experiência para o visitante. E conseguimos realizar desta forma. Recebemos 40 mil pessoas, muitos relatos emocionados. Conseguimos promover imersão e transformação.

 

Mamé tocou na minha potência a olho nu, sem maquiagem, me fez morrer e nascer.

When we touch on potency with naked eye - by Joana Lira

We learn so much about ourselves through the eyes of the other!

 

What is nuance becomes protagonism. What wants to be hidden is what should be shown the most. What is technical becomes poetic. And so it goes... And so it went with the partnership I had for almost eight years with Mamé Shimabukuro to realize the exhibition When life is euphoria by Joana Lira, about my decade-long work creating the scenography and visual identity of the street carnival in Recife.

 

When I invited Mamé to curate my exhibition, I couldn’t imagine the turmoil she would cause, inside and outside of me. Just like I had no idea that together we would go through such a long and visceral process. In this project / process, Mamé was not only a curator. Above all she was a partner, but also a researcher, producer, investor, mother and sister. All mixed together, to make us really confused, and to bring something splendid to life. And so it was: splendid!

 

My first idea was to make a simple exhibition, a celebration, consisting of showing in a very succinct, almost technical way what this work with carnival had been like.

 

Absolutely not! Mamé came swooping in, presenting a sentimental selection, a deep dive into my being and my work. I was enchanted, eyes wide open. I didn’t doubt for a second that this was the best option to choose. And as such, she also suggested the title for the exhibition, a great translation of carnival, the work I developed, the exhibition and, curiously, what I am.

 

Besides suggesting this focus for the exhibition, Mamé invited me to create the curatorship alongside her. It must be said that when the curatorship suggests something like this and sees no sense in it happening in any other way, it is strong. Because it’s a path to be penetrated not only in the artist’s work, but in their soul (of light and darkness).

 

And together we kept learning and maturing our paths. Always vigilant. And we arrived at the idea that this exhibition should above all be an experience for the visitor. And we were able to realize it as such. We received 40 thousand people, and many emotional reports from them. We were able to promote immersion and transformation.

 

Mamé touched on my potency with naked eye, with no makeup, she made me die and be born.

[PT]
[EN]
bottom of page